Foto tirada na igreja de S. José dos Carpinteiros e na Casa dos 24 que está
sob a tutela da Junta de Freguesia de José em Lisboa. Não está aberta ao
público devido ao seu estado de degradação
Hitória
A origem
desta igreja deve-se à fundação, em 1532, da Confraria de S. José, formada por
carpinteiros e pedreiros. Uma das razões plausíveis para a sua fundação poderá
ter sido a ocorrência do violento terramoto de 1531 (tantas vezes ofuscado pelo
de 1755 mas que foi tão ou mais devastador), a que se seguiu um grande esforço
de reconstrução. É natural que nos tempos seguintes tivesse aumentado
significativamente o número de mestres naqueles ofícios, ao ponto de terem a
sua própria confraria.
O nome de S. José é óbvio, uma vez que o Santo carpinteiro era (e é) o
respectivo padroeiro.
Numa fase inicial, porém, a Confraria instalou-se na Igreja de Santa Justa e
Santa Rufina. Só em 1546 é que a Confraria construíu uma ermida para seu uso
exclusivo, e custeada exclusivamente pelos seus confrades. Ficava fora das
portas da cidade (no caso vertente, à saída das Portas de Santo Antão), na zona
então chamada de "Entre-Hortas", pois como já escrevi noutra altura,
no lugar da actual Avenida da Liberdade existiam apenas pequenas hortas, canaviais
ou descampados.
Chamava-se naquela altura Ermida de S. José dos Carpinteiros ou de S. José de
Entre as Hortas e seria no lugar deste templo primitivo que mais tarde seria
construída a actual Igreja de S. José dos Carpinteiros.
Em 1567 o Cardeal D. Henrique (que viria a ser regente e Rei - o último da
dinastia de Avis, se não considerarmos D. António, Prior do Crato) decidiu
dividir a imensa freguesia de Santa Justa (onde se encontrava a Ermida) criando
a Freguesia de S. José, cuja sede paroquial (e de freguesia) passaria a ser,
precisamente, a ermida dos confrades carpinteiros (que assim forneceu o nome de
baptismo da nova freguesia).
Passado pouco tempo os confrades decidiram ampliar a "ermida" (que se
mantinha como sede paroquial), novamente a despesas próprias, tornando-a
finalmente numa igreja.
Foi nessa ocasião que a Igreja de São José passou a ocupar o espaço que
actualmente ocupa.
Com o terramoto de 1755 a Igreja de S. José sofreu alguns danos, mas não os
suficentes para impedir a sua reparação. Sob a orientação e trabalho do
mestre-pedreiro Caetano Tomás a Igreja de S. José assumiu o aspecto
barroco-pombalino que tem hoje.
Também após 1755 foi pedido à Confraria dos Carpinteiros e Pedreiros que
acolhesse na sua Igreja as reuniões da "Casa dos 24". A Casa dos 24
era o conselho corporativo instituído por D. João I (em 1383) que reunia 2
representantes dos 12 ofícios mais importantes de Lisboa. Teve um papel
importantíssimo na mobilização da população da cidade para resistir às
pretensões dos castelhanos e apoiar a causa do Mestre D'Avis. A Confraria dos
Carpinteiros e Pedreiros (ou de S. José) estava naturalmente representada na
Casa dos 24 (era a 7ª bandeira da Casa).
Durante o período Filipino, a actividade da Casa dos 24 chegou a ser suspensa,
e por altura da Restauração já quase só a Confraria de S. José se mantinha
organizada.
Após a Restauração também a Casa dos 24 foi "restaurada" como era
antes.
Isto até 1834, altura em que a Casa dos 24 foi finalmente extinta, pois a
Constituição Liberal de 1822 proibia as corporações de artes e ofícios.
Depois de extinta a Casa dos 24 (em 1834) foi criada a Irmandade de Ofícios da
Antiga Casa dos 24 de Lisboa, que até hoje continua sediada na Igreja de S.
José dos Carpinteiros (tal como a Confraria de S. José dos Carpinteiros). A
Irmandade é uma "associação pública de fiéis católicos, com personalidade
canónica e civil", assumindo portanto um papel eminentemente religioso
(enquanto as antigas confrarias faziam ao mesmo tempo as vezes de ordens
profissionais, sindicatos ou até facções de partidos)...
O Juiz Presidente da Irmandade é o Arq.º Gonçalo Ribeiro Teles, figura
sobejamente conhecida dos lisboetas.
Nikon D5000
sábado, 29 de dezembro de 2012
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